14 de fevereiro de 2015

Icó-CE: Mutirão remove entulho das margens do Rio Salgado

Do Diario do Nordeste/Honorio Barbosa


Foto: Artur Luiz
Icó. Sem investimento em obras de saneamento básico, dezenas de cidades continuam despejando esgotos em seu leito, além de entulho e lixo nas margens do Rio Salgado. Nesta cidade, um mutirão está em andamento com o objetivo de fazer uma limpeza, mesmo que parcial, nas áreas que margeiam o curso do rio. A iniciativa é da Associação Amigos do Rio Salgado, com apoio de outras instituições e da Prefeitura.
Além da remoção do entulho e do lixo, houve distribuição de panfletos, orientação aos moradores para que não despejem resto de material de construção e dejetos nas margens do rio. "A campanha de limpeza e educativa de conscientização às famílias vai continuar", disse Antonio Almeida, da Associação do Rio Salgado.
Ao longo desta semana, a Prefeitura e particulares disponibilizaram máquinas e caçambas para a retirada do lixo, em um esforço coletivo para a limpeza do Rio Salgado, no trecho urbano, a partir da ponte rodoviária Piquet Carneiro. Nos últimos anos, o rio vem sofrendo agressões diárias. Segundo relato de moradores de áreas próximas, caminhões despejam entulho, lixo e animais mortos.
"Como cidadão, reuni os amigos, representantes de sindicatos, de instituições públicas e criamos a Associação de Amigos do Rio Salgado", disse Antonio Almeida, mais conhecido por Toinho. "Estamos trabalhando em parceria para salvar o rio".
O secretário de Meio Ambiente do município de Icó, Danilo Maciel, disse que a Prefeitura assegurou apoio logístico com máquinas e caçambas para a remoção do entulho. "É um esforço de muitos para a preservação ambiental", frisou. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Icó, Lourival Teixeira, lamentou a agressão ambiental sofrida pelo rio e a falta de conscientização dos moradores. Além da Associação de Amigos do Rio Salgado, o Ministério Público Estadual, a secretaria de Meio Ambiente, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó e secretaria Municipal de Infraestrutura integram a equipe de mobilização na campanha "Rio Limpo".
A mobilização chamou a atenção do carroceiro Jorge Oliveira, que aderiu como voluntário ao trabalho de limpeza. "Infelizmente outros carroceiros e pessoas que deveriam ser esclarecidas continuam colocando lixo em locais inapropriados como aqui no Rio Salgado", disse. "Todos têm que ter consciência e parar de poluir o rio". Ele contou que já viu carros de empresas despejando lixo nas margens do manancial.
A degradação do Rio Salgado agravou-se nos últimos anos. Sem investimento em obras de saneamento básico, dezenas de cidades continuam despejando esgotos em seu leito, além de entulho e lixo jogados por moradores de centros urbanos e vilas rurais. O Rio Salgado será o principal canal de escoamento no Ceará das águas oriundas da transposição do Rio São Francisco. O professor João José Anselmo dos Santos, agrônomo e coordenador do Centro de Vocação Tecnológica (CVT) local, acompanha, desde 2008, os agravos da situação de degradação do Rio Salgado, a partir de expedições documentadas em fotos e relatórios técnicos. "A realidade é de extrema preocupação. O que se vê é uma verdadeira rampa de lixo nas margens do rio".
Há dois anos, foi lançada uma campanha na Internet "Salve o Rio Salgado". Por meio de petição on line, os internautas puderam acessar a página e assinar o termo que foi encaminhado para as autoridades como forma de pressionar os governantes a adotarem providências concretas em defesa do rio.
Trilha ecológica
O trabalho do professor João Anselmo começou há seis anos a partir da criação de uma trilha ecológica, realizada ao longo de 15 Km no leito seco do rio. O grupo, na época, saiu do encontro do Rio Salgado com o Rio Jaguaribe até a Ponte Rodoviária Piquet Carneiro, na zona urbana do município de Icó.
A expedição comprovou que na época já era grande o nível de degradação ambiental: desmatamento das margens, assoreamento de alguns trechos, lançamento de esgoto e grande volume de resíduos depositados no leito do mesmo.
O problema referente aos resíduos ficou mais evidente na zona urbana. "O que me chamou mais a atenção foi o volume de entulho de construção jogado às margens", disse na época. "O despejo desse tipo de material é resultado da atividade dos caçambeiros e carroceiros que retiravam areia do leito do rio".
Observou-se que, quase sempre, a retirada de areia era associada à colocação de entulho, pois alguns dos caçambeiros aproveitavam a mesma viagem para levar o entulho e retirar a areia do rio.
Segundo fiscalização de agentes do escritório regional do Ibama, na cidade de Iguatu, a extração de areia ocorreu sem licença ambiental de operação e em locais proibidos, próximo às margens, encostas e sob a Ponte Piquet Carneiro.
A expedição do professor João Anselmo constatou um fato preocupante: o despejo de vasilhames de agrotóxico. "Isso ocorreu e continua a ocorrer porque lotes explorados com atividade agrícola ficam próximos ao rio", disse. "Os produtores rurais lançam tudo que considera lixo em seu leito".
Honório Barbosa
Colaborador

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